A EVOLUÇÃO DO ACOLHIMENTO À INFÂNCIA NO BRASIL: A PARTIR DA RODA DOS EXPOSTOS

Autores

  • Érica Imolas Ferreira Universidade Federal de Roraima - UFRR
  • Douglas Verbicaro Soares Universidade Federal de Roraima, UFRR, Brasil

Palavras-chave:

Fam´ília, Acolhimento, Legislação

Resumo

O presente estudo versa sobre a trajetória do abandono e a institucionalização infantil a partir da roda dos expostos e suas representações ao longo da história até o acolhimento institucional de crianças e adolescentes, após a criação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), demonstrando os avanços desta temática a partir da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n.8.069, de 13 de julho de 1990, ressaltando o acolhimento institucional como uma medida provisória de proteção às crianças e adolescentes em situação de risco em suas famílias. No entanto, os motivos que levam as crianças a serem abrigadas, estão entre violência doméstica, negligência, abandono parental e condições socioeconômicas adversas, dificultando o regresso das crianças às suas famílias. O projeto fundamentou-se na pesquisa descritiva e qualitativa, visando uma melhor compreensão das construções sócio-históricas do tema proposto, utilizando-se de revisões bibliográficas, artigos científicos e doutrinas e materiais que abordam o tema. Foram utilizados dados e informações que constam em diversos documentos públicos e sites oficiais, assim como em produções bibliográficas de caráter técnico ou acadêmico, dos quais se destacam: Marcílio (1997), Rizzini (2006), Rizzini; Rizzini (2004). A pesquisa tem por objetivo geral abordar a trajetória histórica do abandono no Brasil a partir da instalação de rodas dos expostos no período colonial, traçando um panorama histórico da evolução sobre o acolhimento institucional no Brasil. Considera-se que a violação dos direitos de crianças e adolescentes é um problema coletivo e não individual, assim a sociedade também se torna responsável por esta questão social. A ausência do acesso aos direitos sociais através de políticas públicas são alguns dos fatores que contribuem para a institucionalização e permanência prolongada de crianças e adolescentes. Por fim, considera-se que ocorre a inobservância aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes e dos princípios de excepcionalidade e provisoriedade do acolhimento.

Biografia do Autor

Érica Imolas Ferreira, Universidade Federal de Roraima - UFRR

Acadêmica de direito da Universidade Federal de Roraima.

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Publicado

18-04-2023

Como Citar

Ferreira, Érica I., & Soares, D. V. (2023). A EVOLUÇÃO DO ACOLHIMENTO À INFÂNCIA NO BRASIL: A PARTIR DA RODA DOS EXPOSTOS. Revista De Direito & Desenvolvimento Da UniCatólica, 5(2), 29–41. Recuperado de http://publicacoes.unicatolicaquixada.edu.br/index.php/rdd/article/view/134

Edição

Seção

Artigos de Revisão de Literatura