ESCUTA PSICOLÓGICA NO PROCESSO TRANSEXUALIZADOR ATRAVÉS DE UM SERVIÇO DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA

Autores

  • Publicações Acadêmicas UNICATÓLICA
  • Flávio Bergson Gonzaga Barbosa Centro Universitário Católica de Quixadá, UNICATÓLICA, Brasil
  • Anice Holanda Nunes Maia Centro Universitário Católica de Quixadá, UNICATÓLICA, Brasil

Palavras-chave:

Psicologia, Transexualidade, Escuta Psicológica

Resumo

A psicologia está cada vez mais presente nos diversos âmbitos sociais e se faz cada vez mais assídua em assuntos relacionados às políticas públicas e à sociedade. A psicologia tem assumido uma participação ativa em prol da diversidade de gênero e das orientações sexuais e recentemente publicou a resolução 01/2018 em que diz que os psicólogos devem contribuir para a eliminação da transfobia, no combate aos preconceitos individuais e institucionais. O processo transexualizador se refere ao modelo adotado para a atenção às pessoas que desejam passar pela redesignação sexual. O Sistema Único de Saúde (SUS) e o Conselho Federal de Medicina possuem um protocolo conforme o qual, o processo de redesignação sexual é permitido a partir dos 16 anos, condicionado ao acompanhamento psicológico por dois anos antes do processo cirúrgico e hormonal. O objetivo desse trabalho é expor e discutir o papel da escuta psicológica no processo transexualizador. Trata-se de um relato de experiência com resultados parciais do Estágio Básico em Psicologia realizado em um serviço de saúde da atenção secundária, em Quixadá, Ceará. No município em questão não existe um centro de referência de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, queer’s ou intersexuais (LGBTQIA+) e o serviço de saúde em foco se disponibiliza a acolher e assumir um papel de apoio a esta comunidade. Sendo assim foi ofertado o acompanhamento psicológico do processo transexualizador para uma pessoa com tal demanda, do qual o autor deste trabalho participa em conjunto com o psicólogo preceptor. A escuta psicológica é realizada para trabalhar queixas comuns de pessoas transexuais, como preconceitos, transfobia, falta de compreensão social, a disforia de gênero, a relação com familiares, a relação com instituições de convívio e suas construções enquanto pessoa trans. Em uma perspectiva ampliada, surgem queixas em relação à fase do ciclo vital na qual se encontra a pessoa. Utiliza-se a Psicoterapia Breve Focal por ser um acompanhamento de questão pontual e em cima da transexualidade, mas também por ser uma técnica essencial na área da saúde, tanto hospitalar como ambulatorial. Observa-se que a escuta psicológica se configura incialmente como uma exigência formal da assistência em saúde, o que se constitui um desafio para o cliente e para o profissional de psicologia, visto que é um espaço que deve ser ocupado, porém pode não haver demanda no mesmo transcurso de dois anos. Portanto, é fundamental estabelecer um bom vínculo e criar um espaço de acolhimento e de respeito ao que o que as pessoas demandam trazer, sem imposições de modo a contribuir para a construção da identidade de gênero. Conclui-se que a psicologia é de extrema importância, mas atualmente precisa se adequar a um protocolo que traz, de um lado benefícios e de outro pressões e controvérsias, sendo assim indispensável que ela interfira na redefinição das políticas públicas de saúde neste contexto para proporcionar autonomia à profissão na abordagem do processo transexualizador.

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Publicado

2023-03-09